Heartstopper: A maior sensação entre leitores, críticos e telespectadores

HQs de Alice Oseman conquistam espaço nas telas e nas estantes dos jovens ao redor do mundo

YASMIN ALVES | 20 DE JULHO DE 2022

Livro Heartstopper com capa original da série de mesmo nome. Foto: Yasmin Alves, 2022

Lançada pela Netflix em 22 de abril deste ano, a série Heartstopper teve sucesso quase instantâneo. Em poucos dias, ela já havia atingido a taxa de 100% de aprovação e nota média de 8.7 entre as críticas profissionais no site Rotten Tomatoes, conhecido por contabilizar as chamadas reviews (ou críticas) sobre filmes e séries.

Mas Heartstopper já havia provado seu valor muito antes de chegar na plataforma de streaming. Originalmente publicado em formato de HQ em inglês, seu sucesso foi tão grande no exterior que a editora Seguinte, no ano de 2021, resolveu trazer não apenas o primeiro volume para o Brasil, mas também sua continuação em uma pré-venda simultânea. Os livros foram anunciados em todas as plataformas de vendas online e até mesmo em um evento virtual que ocorreu no mesmo ano chamado FLIPOP — focado na venda e divulgação literária.

Alice Oseman com todos seus livros publicados até então. Foto: Alice Oseman via redes sociais, 2020

Agora em 2022, já é possível encontrar os quatro volumes traduzidos e disponíveis em todas as livrarias do país. Incluindo uma versão exclusiva do primeiro livro com a capa da série, que está à venda na Livraria Canto Geral.

Mas que história é essa que faz tanto sucesso assim?

Heartstopper, escrita e ilustrada em formato de HQ (história em quadrinho), conta o dia a dia de Charlie Spring durante o ensino médio e o início da sua paixão desenfreada por Nick Nelson, um dos jogadores populares da escola e seu novo melhor amigo. Charlie havia se assumido gay no ano anterior e passa a sofrer bullying por isso, inclusive no grupo de amigos de Nick. A nova amizade e crush deixa os amigos de Charlie apreensivos. No entanto, Nick prova ser diferente do que se espera – ele também estava em um caminho de descobertas sobre si mesmo e sua sexualidade.

Com seu toque único de leveza ao mostrar o desenvolvimento do romance, Alice Oseman garante uma história capaz de representar e causar identificação para diversas minorias. Como uma autora não-binário, ela traz, na história, um pouco de si mesma, além da representatividade que acredita ser essencial nos livros (e fora deles). Em entrevista, Alice afirma: enquanto houver gays e transgêneros, sempre iremos precisar de livros que protagonizem personagens gays e transgêneros.

Nick e Charlie se conhecendo melhor na série Heartstopper. Foto: Netflix, 2021
Nick e Charlie se conhecendo melhor na série Heartstopper. Foto: Netflix, 2021

Representatividade ou representação?

Uma das maiores críticas do público LGBTQIAP+ em relação a representatividade é que, apesar de começarem a estar presentes nas tramas, esses personagens continuam sendo narrados a partir de um lado trágico. Normalmente terminando com sua morte e infelicidade. Ou, até, quando isso não ocorre, uma sexualização extrema.

Existe uma ideia de que pessoas LGBTs estão fadadas a terem finais negativos, a serem literalmente enterradas no final das narrativas, independente do contexto em que foram inseridas. Nomenclaturas como Bury Your Gays (em tradução literal: enterre seus gays), entre outras, foram criadas para comportar e discutir em pesquisas ao redor do mundo esse fenômeno ainda existente, em especial nos cinemas. Um exemplo dentro da realidade brasileira é nas telenovelas. Em Torre de Babel (1998), Silvio de Abreu “precisou” matar o casal lésbico, Leila e Rafaela, de forma brusca e sem sentido algum – em uma explosão no shopping – devido a tamanha rejeição do relacionamento das duas pela audiência.

Leila e Rafaela, casal lésbico presente na novela Torre de Babel. Foto: Divulgação pela emissora Globo

No entanto, esse não é nem de longe o caso de Heartstopper, pelo contrário. Alice envolve os leitores e espectadores apenas com conforto e esperança: o foco da história é a beleza presente no amor de Charlie – com Nick e com seus amigos – não nos problemas que ele passa. Não porque a vida seja fácil. No país que mais mata LGBTs no mundo pelo quarto ano consecutivo, de acordo com o relatório de 2022 do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, isso é impossível. Mas pela possibilidade de ser mais fácil um dia e, ainda, o conselho implícito de Oseman sobre nos agarrarmos aos momentos acolhedores, apesar das dificuldades que continuam a existir.

Em resumo? Heartstopper é uma HQ leve e divertida, que você consegue ler entre 30 minutos e 1 hora enquanto toma um café da tarde e aquece seu coração. A série de oito episódios é tão rápida e leve quanto. Então, se você ficou interessado em descobrir mais sobre Nick e Charlie (e seus amigos), vem à livraria Canto Geral adquirir o primeiro volume com a capa exclusiva da série!

YASMIN ALVES | 20 DE JULHO DE 2022

 

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Canto Geral 2021. Creative Commons

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