THAIS STELLA | 06 DE SETEMBRO DE 2022
Você já olhou para o mural de fitinhas nos fundos do Casarão e se perguntou a história por trás daquele painel? Hoje nós vamos contar como tudo surgiu e se tornou o que é hoje!
Alguns anos atrás, o Pablo, um dos membros da Canto Geral, se deparou com o Instagram de dois artistas goianos, conhecidos como Irmãos Credo que trabalham a cultura popular com a estética voltada para o imaginário e folclore brasileiro. O trabalho deles com as suas próprias fitinhas encantou Pablo, e o que mais chamou sua atenção foi a tipografia e as cores que os artistas usavam.
Depois que viu aquelas fotos, Pablo logo pensou em um protótipo para as próprias fitinhas da livraria, com inspiração no que os artistas compartilharam no Instagram. A versão da Canto Geral surgiu como uma ideia de “lembrancinha” do espaço. Os preparativos envolveram os testes de tamanho, de tipografia (que acabou se tornando a de uma máquina de escrever), de cor (visando tonalidade mais vibrantes) e a adição do passarinho da livraria no design final.
O que surgiu como um devaneio acabou se concretizando graças a mobilização de todos os membros da livraria. Em especial, porque o orçamento final ultrapassava o valor máximo de gastos que eles tinham definido na época para “gastar onda”. Esse trabalho em grupo ajudou também a definir qual seria a frase presente nas fitinhas. “Gente ajuda gente. E a gente se ajuda porque a cultura nos une. E só cultura expulsa as coisas ruins das pessoas”. No fim, foi essa conclusão que se tornou a marca das lembrancinhas da Canto Geral, que é um espaço que surgiu com o propósito de fomentar, propagar e defender cultura e a coletividade.
Para divulgar a mais nova ideia da livraria, os membros decidiram montar um espaço especial para as lembrancinhas. Mas, para isso, era preciso primeiro reformar um espaço no Casarão. O local escolhido foi o muro que fica nos fundos, bem na direção da janela da Canto Geral. A parede precisou ser refeita porque estava com rachaduras e pedaços faltando. Então, além do orçamento das fitinhas, também foi preciso gastar um dinheiro extra com os materiais da reforma.
Para exibir as fitinhas ao público, eles pensaram em um painel gradeado com as fitinhas amarradas. Juntaram, então, uma grade que eles já tinham (um pouco velha e quebrada), com uma outra grade nova, em frente à parede reformada. Decidiram que ali seria o lugar de exposição. Mais uma forma de preparação foi a compra de grama para decorar o espaço. “Esse processo foi também interessante porque não é uma coisa que simplesmente a gente teve a ideia e construiu. É um processo coletivo também, sabe? É exatamente a ideia da frase”, comentou Pablo.
Todo esse processo foi documentado por stories no Instagram pessoal do Pablo. Isso acabou gerando certa repercussão e mobilizou muitas pessoas. “Cara, como pode uma coisinha como essa se tornar tão grande?”, ele se perguntou, na época. A repercussão fez com que o público também fornecesse ajuda financeira. Mais uma vez, gente ajudando gente.
Quando o mural ficou pronto, algo inusitado aconteceu: alunos da Rural começaram a aparecer pelo Casarão nos períodos de prova para amarrar uma fitinha na grade e desejar por um bom desempenho nas avaliações. Com o tempo, mais moradores de Seropédica também começaram a visitar o espaço, amarrar suas fitinhas e fazer seus desejos. “Isso já virou tradição e hoje em dia as grades já estão repletas de fitas”, disse Pablo.
Dentre as várias versões sobre a origem das fitinhas de Senhor do Bonfim, feitas de tecido, vendidas para arrecadar dinheiro para a Igreja do santo, que as pessoas culturalmente amarram nas grades da catedral, uma das mais famosas é a de que o seu criador era um homem que, além de religioso, também era livreiro. Essa história que, de alguma forma, se inicia com alguém que se dedicava aos livros, segue assim.
CANTO GERAL | 06 DE SETEMBRO DE 2022
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